sexta-feira, novembro 03, 2006

 
AVISO DE TORRE AO LEGACY PODE TER SIDO IMPRECISO

"N600XL. Clear, 370, Manaus." Foi com essa frase que o controlador
devôo de São José dos Campos, no interior de São Paulo, autorizou adecolagem
do jato Legacy que, horas depois, no dia 29 de setembro,viria a se chocar no ar
com o Boeing da Gol, deixando 154 mortos emMato Grosso. Oficiais da Aeronáutica
afirmam que, embora correta, ainformação passada pela torre de controle poderia ter sido mais precisa.
Ainda assim, dizem os militares, os pilotos do jato da empresa americana
ExcelAire deveriam ter verificado se a autorização passada pelo controlador
da torre condizia com os dados do plano de vôo. "Faltou ele (o controlador) dizer,
no fim da frase, "as filed" ou "according to flight plan" (de acordo com o plano de
vôo, em português). Um piloto brasileiro compreenderia essa ordem perfeitamente.
Mas o americano pode ter se confundido, entendendo que poderia voar a 37 mil pés até Manaus", comenta um oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). "Todo piloto sabe que,
ao mudar de proa (direção de vôo), deve mudar de altitude. Dizer que entendeu errado
é querer se livrar da responsabilidade", diz o militar.
Mesmo tendo decolado sem confrontar a ordem do controlador com o plano de vôo,
os pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, ainda tiveram tempo de
perceber que, se mantivessem o nível inicial, entrariam na "contra-mão" da aerovia.
Quando estavam a 94 quilômetros de Brasília - sete ou oito minutos antes de chegar
à altura da vertical da capital federal e uma hora antes da colisão com o Boeing -, os
americanos fizeram contato com o centro de controle de Brasília (Cindacta-1).
Diálogo O diálogo é o seguinte: "N600XL atinge 370. Boa tarde", diz o piloto do Legacy, chamando o controle Brasília e informando que estava a 37 mil pés de altitude,
mostrando que, naquele momento, cumpria o plano de vôo. "N600XL acione sua
identidade", diz o controlador de Brasília, pedindo ao piloto do jato que digitasse o
código de seu transponder, para que pudesse ser visualizado no radar do Cindacta-1.
Em seguida, o código aparece no visor e o controlador, mais uma vez, informa: "Sob
vigilância radar". O plano de vôo do Legacy previa três altitude: 37 mil pés até Brasília;
36 mil pés entre a capital federal e o ponto Teres (ponto virtual da carta aeronáutica)
e, a partir daí, 38 mil pés até Manaus.
A única informação contestada pelo piloto do Legacy durante o procedimento decolagem ("clearance", em inglês) foram os números do "fixo" - coordenadas que indicam o
trajeto de subida para atingir a aerovia. "O piloto do Legacy pede ao controlador que
repita os números e, mesmo sem cotejar (confirmar se entendeu ou não a informação),
levanta vôo", revela um oficial da FAB. "A torre de controle de São José dos Campos
só teve certeza de que ele agiu corretamente após acompanhar todo o procedimento pelo radar", diz o militar.
A reportagem apurou que, após o acidente, o controlador de vôo que auxiliou a
decolagem do Legacy - um 1º sargento com cerca de 30 anos de experiência - pediu afastamento do cargo. "Mesmo sem ter tido participação direta nessa tragédia, ele
ficou muito abalado com o que aconteceu", disse uma pessoa próxima ao controlador.



  Naza, a impiedosa.

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